sexta-feira, 30 de julho de 2021

China e Brasil, sucesso e fracasso

julho 30, 2021


O que diferencia o sucesso da industrialização chinesa da cada vez mais fracassada industrialização brasileira? Há múltiplos fatores. Porém, foi fundamental a relação com o capital estrangeiro.

No Brasil a instalação das empresas multinacionais seguiu um modelo subjugado. As empresas obtiveram vantagens imensas: a) benefícios tributários; b) crédito público de baixo custo; c) matérias-primas por preços subsidiados; d) infraestrutura barata ou gratuita; e) permissão de enviar lucros ao exterior sem tributação; f) posse absoluta do mercado consumidor interno; e, mais importante, g) tiveram acesso a mão de obra barata.

Usufruíram do mercado por décadas. Fomentaram projetos autoritários, como o da Ditadura. Foram ajudadas na perseguição aos sindicatos. Usaram o país como plataforma de exportações baratas. Cobraram preços mais altos do consumidor interno. E estão indo embora. Em cada vez mais casos, saem do Brasil sem quase deixar rastros da sua passagem por aqui, deixando só um mercado desarticulado em seu lugar. Seremos importadores de seus produtos, como outrora fomos exportadores.

Quase nada restou. Nem tecnologia, nem mercado, nem conhecimento.

Na China houve uma diferença essencial, a lei de “joint ventures” para a instalação de empresas estrangeiras. Segundo David I. Salem (autor de “The Joint Venture Law of the Peoples’ Republic of China: Business and Legal Perspectives”) esse foi o fundamento do sucesso industrial chinês.

As empresas estrangeiras tiveram que se associar em parcerias com as empresas chinesas. Parte substancial dos seus lucros deveriam ser reinvestidos localmente. Deveria haver transferência de tecnologia.

Os chineses, com sua longa experiência histórica, souberam negociar.

No Brasil tivemos os interesses pequenos e mesquinhos de governantes e ditadores e seus ganhos pessoais.

 

Fábio Sobral

Professor do curso de economia na Faculdade de Economia, Administração, Atuária e Contabilidade (FEAAC) da Universidade Federal do Ceará (UFC)


quarta-feira, 28 de julho de 2021

Acumulação, modernização tardia e racismo no Brasil

julho 28, 2021

 

            A acumulação do capital, como afirma Marx no capítulo 24 de sua obra maior, pressupõe o mais-valor, o mais-valor, a produção capitalista, esta por sua vez, pressupõe a existência de massas  relativamente grandes de capital e de força de trabalho controladas pelos produtores de mercadoria. No plano da história real essa acumulação tem como base um processo cuja principal característica repousa na conquista, na subjugação, no assassínio para roubar, espoliar, explorar, de modo geral, para perpetrar a violência. A assim chamada acumulação primitiva não é mais do que a separação entre os produtores e os meios de produção. Essa é a pré-história do capital e do modo de produção que lhe corresponde.

            A expropriação da terra que antes estava nas mãos dos produtores rurais, constitui o fundamento de todo esse processo. As grandes massas humanas são despojadas de seus meios de subsistência e lançadas de forma abrupta e violenta no mercado de trabalho enquanto “proletários absolutamente livres”. A partir desse momento só restaria ao trabalhador moderno sua própria força de trabalho para sobreviver num mundo cada vez mais marcado pela discrepância entre a concentração de riqueza e o excesso de pobreza e miséria social.

            No Brasil, a acumulação primitiva do capital ocorreu no contexto do escravismo colonial. “Com a independência”, no dizer de Mário Maestri (numa importante apresentação do livro de Jacob Gorender), “o escravismo colonial dominante expandiu-se, ensejando acumulação originária que apoiou, mais tarde, a expansão capitalista” no país.

            Do ponto de vista histórico, a economia brasileira modernizou-se tardiamente. Seus “ciclos”, “crises”, “fluxos “e “refluxos” concorreram para impulsionar só a partir da segunda metade do século XX sua efetiva entrada no mundo industrializado. Somente depois de séculos de “economia primária de exportadora, de exportação de produtos tropicais, o Brasil ingressa na industrialização substitutiva de importações” (Ianni, 2004).

            Com as crises da economia primária de exportação ocorreram alguns surtos de “industrialização reflexa”, o que demandou um conjunto de políticas deliberadas, combinando investimentos públicos e privados, nacionais e estrangeiros. Com isso, o campo e a cidade, as regiões e nação foram industrializados, porém de forma desigual e contraditória. Nesse sentido, todas as atividades produtivas passaram a se submeter aos imperativos dos movimentos do capital nacional e internacional.

            É nessa esteira que se desenvolveram a produção de bens de consumo correntes e duráveis e se desenvolveram largamente a de bens de produção. Com efeito, o poder público e o planejamento governamental nas atividades produtivas possibilitaram a dinamização da reprodução ampliada do capital. Paulatinamente ai se formando uma poderosa aliança entre capital nacional e capital estrangeiro com o poder do Estado nacional. Mas o pleno êxito da modernização da economia brasileira não se refletiu na sociedade. Esta contraditoriamente se modernizou pouco. “As relações sociais e políticas desenvolvem-se com dificuldade, deparando-se com obstáculos diversos. Além das heranças oligárquicas e patrimoniais, emergem os interesses dominantes aglutinados em diretrizes governamentais. Os movimentos sociais, as organizações sindicais, os partidos políticos e outros espaços de atividades sociais, políticas culturais sofrem contínuas injunções de interesses identificados com a moderna sociedade industrial” (Ianni, 2004, p. 120, itálico nosso).

             Não houve (e não há) redução das desigualdades sociais, do contrário elas acumularam-se e agravaram-se. A modernização tardia, combinada, desigual e contraditória do Brasil produziu uma sociedade profundamente injusta, violenta, preconceituosa, individualista, patrimonialista, autoritária e mandonista. A modernização pelo alto com rearranjo de poder entre as classes dominantes conservou o atraso, o privilégio de castas, a mentalidade escravocrata, o ódio aos pobres, a subserviência ao imperialismo, o antinacionalismo, a abdicação da soberania em favor de interesses corporativistas.

            Esse processo histórico é uma expressão da nossa peculiaridade enquanto nação que mistura o atraso com o avanço, o novo com o velho, o cordial com o insulto de classe, o autoritarismo com uma democracia de fachada. “Uma história que revela a escassa ‘modernização’ alcançada em determinadas esferas da sociedade, enquanto nas principais esferas da economia tudo parece muito próspero, diversificado e moderno. A mesma fábrica do progresso fabrica a questão social” (Ianni, 2004, p. 120).

            A princípio, o proletariado e o camponês no Brasil padecem de uma dupla exploração. São expropriados de maneira a garantir os interesses dos segmentos dominantes da sociedade nacional. E expropriados também de modo a legitimar os interesses dos setores estrangeiros, com os quais a classe dominante do país está articulada de formar subserviente. Todo esse processo é garantido, no dizer de Octavio Ianni (2004), por um aparato bastante sofisticado e altamente repressivo, “no qual as forças policiais e militares são essenciais para garantir” a estabilidade da lei e da ordem.

            O aparelho estatal e a economia modernizam-se, ao mesmo tempo que os problemas sociais e as conquistas democráticas mostram-se defasadas. A nação industrializada, moderna, é atravessada por situações de miséria social, atraso tecnológico, precarização das relações de trabalho e desmonte da educação. Em outro sentido, a mesma sociedade que produz a prosperidade econômica engendra as desigualdades que configuram a problemática social brasileira.

            Na história da formação social do Brasil, o problema do racismo sempre foi uma questão sumamente importante para compreendermos a nossa formação enquanto povo. Não dá para entender profundamente as nossas particularidades sem levar em conta essa problemática. A presença do negro na história da sociedade brasileira tem um peso enorme, tanto do ponto de vista do trabalho como da herança cultural; da religiosidade e dos movimentos sociais. Em cada momento da história do Brasil, desde a Independência em 1822, a Abolição da Escravatura em 1888, a Proclamação da República em 1889 e a Revolução de 30 se colocou problemas como raça, mestiçagem, população, povo, nacionalidade, cidadania, racismo, discriminação de classe, pobreza, riqueza, corrupção, autoritarismo, mandonismo, oligarquias, poder e desigualdade social.

            Com o fim do regime de trabalho escravo e a Proclamação da República, o poder do estado passou para as mãos da oligarquia cafeeira, que já se encontrava apoiada no “colonato” de imigrantes vindos da Europa. Para essa oligarquia, os negros eram relegados a segundo plano, ou no plano do opróbrio social. A valorização do imigrante europeu se constituiu numa política de branqueamento da sociedade brasileira, com vistas a apagar o estigma da escravidão. Isso redefiniu amplamente a organização do trabalho, as relações sociais e culturais. O negro passou a ser uma categoria de cidadão absolutamente destituída de direitos, dignidade e bem-estar social.

            O negro foi integrado à sociedade brasileira enquanto uma força escrava de trabalho. Mais de quatro séculos de regime escravocrata concorreram também para “uma vasta diáspora”, seguida de holocausto, barbárie e humilhação social. Essa estrutura de poder escravista produziu traumas, rupturas, segregações e vilipêndios. “Desenvolveram-se os traumas da condição escrava, propriedade alheia, subordinação física e social, objeto de transações entre mercadores, senhores e seus funcionários” (Ianni, 2004, p. 144).

            Com a escravidão do povo negro no Brasil, organiza-se no país estruturas, relações e processos baseados em divisões e exclusões; hierarquias são “acentuadas”, “reiteradas”, “administradas”, “preservadas” e “aperfeiçoadas”, tanto do ponto de vista “jurídico-político” como pelas chamadas “teorias científicas” fundamentadas em conceitos como “evolucionismo”, “darwinismo social”, “arianismo” etc. Essa formação social escravocrata resultará num gigantesca máquina de preconceitos, discriminações e opressões.

            Nesse sentido, a realidade mais evidente é o racismo, que tem origem nos séculos de escravidão, recriando-se e desenvolvendo-se no decurso de nossa história e atravessando as instituições republicanas, perpassando o “agrarismo”, o “industrialismo”, a “ruralidade”, a “urbanidade”, os “espaços públicos e privados”, as instituições religiosas, as estruturas governamentais e empresariais, em suma, a sociedade de modo geral.

            Mesmo no regime de trabalho livre produzem-se desigualdades, hierarquias, antagonismos, tensões e lutas, bem como intolerâncias, preconceitos e discriminações em virtude da cor da pele.     Dessa forma, o preconceito racial constitui uma poderosa técnica de dominação, “por meio da qual se subordinam amplos setores da sociedade, enquanto homens e mulheres, crianças, adultos e velhos, trabalhadores assalariados da cidade e do campo, na agricultura, indústria e serviços” (Ianni, 2004, p. 147). O preconceito racial e o preconceito de classe fundem-se em intolerâncias de vários matizes, manifestam-se em várias linguagens. Raça e classe são determinadas reciprocamente na contradição das relações sociais, nas disputas de poder e nas manifestações culturais e ideológicas.

            A democracia racial é uma falácia produzida pela classe dominante e seus representantes acadêmicos para justificar opressões camufladas de sufrágio universal, direitos humanos, igualdade de oportunidade e o engodo do Brasil enquanto um país de todos. No capitalismo brasileiro capenga e esdrúxulo, cimentado pela democracia neoliberal dos ricos, com sua herança escravista arraigada nas instituições sociais como um todo, prevalece portanto o autoritarismo, a intolerância, exclusão e a barbárie contra a população negra. Isso define a constituição das subjetividades, o modo de sentir e pensar, falar e agir das pessoas na vida cotidiana. Nossas relações sociais estão amplamente impregnadas de valores, ideias e visões de mundo que ainda legitimam os interesses de uma classe dominante que existe tão somente para reproduzir o lucro em detrimento da vida das pessoas, sobretudo das pessoas negras. O Brasil é um país que ainda não deu certo.

 

Antonio Marcondes

GPOSSHE/UECE/GEM/UFC

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Referências bibliográficas

IANNI, Octavio. O pensamento social no Brasil. Bauru, SP: EDUSC, 2004.

GORENDER, Jacob. O escravismo colonial. São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo, 2010.

MARX, Karl. O capital: crítica da economia política: Livro I: o processo de produção do capital. São Paulo: Boitempo, 2013.

Foto de William Santos

segunda-feira, 26 de julho de 2021

Regime golpista e governo Bolsonaro aumentam o sofrimento da classe trabalhadora

julho 26, 2021

 

A alta da inflação e o desemprego, próprios da crise capitalista, são acelerados pelo governo de extrema direita de Bolsonaro e seus apoiadores, pois, enquanto aumentam a inflação e o desemprego, crescem, também, a concentração de renda e os ataques aos direitos sociais da maioria da população.

A mesa de milhões de brasileiros fica cada vez mais precária e vazia. Com o aumento dos preços, cresceu a oferta de arroz quebrado e bandinha (o meio feijão). Estão saindo óleo de soja, feijão e carne, substituídos por banha de porco, lentilha e ovo, mais baratos. A crise tem afetado a própria maneira de fazer comida. Com o botijão de gás custando mais de R$ 100 em algumas cidades, muitas famílias trabalhadoras vêm sendo obrigadas a trocar o fogão por lenha e carvão.

O quadro é esse: enquanto, numa ponta, os preços sobem, na outra, a renda cai. O governo Bolsonaro  reduziu a amplitude e o valor do auxílio emergencial, ao mesmo tempo em que a taxa de desemprego atingiu o patamar recorde de 14,7%, no trimestre encerrado em abril. Muitos trabalhadores e trabalhadoras vêm dependendo, cada vez mais, de doações para completar a alimentação.

Em uma situação de insegurança alimentar, isto é, de ameaça de fome, o empobrecimento das famílias trabalhadoras faz com que os primeiros alimentos retirados do cardápio sejam as frutas e as verduras, depois, são retirados a carne e os derivados de leite.

Em Cuiabá, capital do estado do Matogrosso, há registro de filas para doações de restos de ossos de boi. É bom destacar que o prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro, é do MDB; e que o estado é governado por Mauro Mendes do DEM, dois partidos que apoiaram o golpe em 2016 e, hoje, dão sustentação ao governo Bolsonaro. O interessante é que a base econômica de Mato Grosso, atualmente, é o agronegócio, sendo o maior estado produtor de soja (15 milhões de ton.) e algodão em pluma (1,1 milhão de ton.), segundo maior produtor de arroz (1,7 milhão de ton.), quinto produtor de cana-de-açúcar e sétimo, de milho[1].

De 2004 a 2013, no boom das comodities e nos governos reformistas do PT, famílias viram a renda média crescer junto a uma maior distribuição de renda, o que permitiu uma melhora do padrão de consumo, porém, desde 2015, com mais um ciclo de crise capitalista, houve uma regressão social aprofundada pelo golpe de 2016 e pela eleição de Bolsonaro.

Além dos alimentos, corroem o orçamento dos mais pobres o botijão de gás, que acumula alta de 24,25%, em 12 meses até junho, e a conta de luz, que subiu em meio à crise hídrica. Segundo o IBGE, as tarifas de energia residencial acumularam alta de 14,2% em 12 meses até junho. Já as passagens de ônibus urbano tiveram inflação de 0,58%, no acumulado de 12 meses até junho, enquanto os combustíveis aceleraram: óleo diesel (40,74%), etanol (59,61%) e gasolina (42,21%).

Infelizmente, a tendência é de piora. O relatório divulgado pelo Banco Mundial, no dia 20, "Emprego em Crise: Trajetória para Melhores Empregos na América Latina pós-Covid-19", afirma que "No Brasil e no Equador, embora os trabalhadores com ensino superior não sofram os impactos de uma crise em termos salariais, e sofram impactos de curta duração em matéria de emprego, os efeitos sobre o emprego e os salários do trabalhador médio ainda perduram nove anos após o início da crise".

Na verdade, em junho, o Brasil completou 12 meses sem aumento real de salários, conforme o projeto Salariômetro da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas). Segundo recente boletim[2], o reajuste mediano, no mês, ficou 0,6 ponto percentual abaixo da inflação medida pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor). Apenas 27,4% das negociações resultaram em ganhos reais para os trabalhadores.

Noutras palavras, o arrocho salarial, a precarização e a superexploração do trabalho fazem parte do projeto das classes dominantes brasileiras e do imperialismo, o que vem sendo implementado pelo governo atual. Daí a necessidade da luta pelo fim do governo Bolsonaro e de uma alternativa dos trabalhadores. Isso ou mais fome, miséria e exploração.

 

Frederico Costa

Professor da Universidade Estadual do Ceará e Coordenador do Instituto de Estudos e Pesquisas do Movimento Operário - IMO



[1] www.coisasdematogrosso.com.br/mato-grosso/nosso-estado/exibir.asp?id=10&item=Agronegocio

[2] salariometro.fipe.org.br/assets/boletins/pdfs/boletim_2021_07.pdf


domingo, 25 de julho de 2021

Borba Gato e o simbolismo da barbárie

julho 25, 2021


 

Borba Gato (1649–1718) foi um “empreendedor” de sucesso na transição do século 17 ao 18, no início da exploração aurífera no Brasil Central. Sua fortuna nasceu da exploração, sobretudo do nativo escravizado, e da representação do tacão colonial lusitano na região. Foi mais um “empresário” de sucesso da ordem escravista, substrato da atual despótica organização capitalista. Seu resgate como figura histórica referencial consolida a proposta da permanência e imutabilidade da sociedade de classes no Brasil. A homenagem à exploração no passado consolida a ordem atual.  A grotesca estátua na avenida Santo Amaro, em São Paulo, do bandeirante tendo à mão o bacamarte, instrumento-simbolo da  opressão social na sua época, tornou-se importante ponto de confluência da disputa histórica, política e simbólica mais ampla entre o Mundo do Trabalho e o Mundo do Capital.

 Sob as chamas, a estátua de grotesco mau gosto foi re-semantizada, para usar palavra moderninha. De símbolo da barbárie se transformou em símbolo da resistência. As fotos e filmes da estátua de Borba Gato em fogo percorreram o Brasil, avivando a discussão sobre a barbárie social atual, através do questionamento  de  personagem do passado distante já de difícil defesa, mesmo para importantes setores da intelectualidade e da mídia conservadora. Paradoxalmente, de certo modo, pouco importa quem acendeu o isqueiro e ateou o fogo. O ato tem sentido e valor intrínsecos.

  Mas há um fato novo. Com o movimento social retomando a marcha, após longos anos do “saia da rua” e “fique em casa”, a própria esquerda institucional modula sua visão sobre essa “ação direta”. Juliano Medeiros,  presidente do Psol, que jamais pecou por qualquer radicalismo, declarou sobre a queimação: "O que significa queimar a estátua de um assassino diante do ato de erguer uma estátua para um assassino?” Parabéns para ele. Mas  não faltou “baba ovo” da dita ordem constituída que se propõem de esquerda.

 Aldo Rebelo, ex-ministro petista da Defesa, da Articulação Política e do Esporte, ex-elevado dirigente do PC do B, que hoje não sabemos onde anda, seguiu se esforçando em prestar serviço aos poderosos. Ele despotricou no Twitter. “Canalhas, bandidos, assassinos da memória nacional. (sic) Vejam que não molestam as dezenas de imitações de ´estátuas da liberdade´ espalhadas pelo Brasil, escolhem a obra de artista brasileiro, um símbolo da história e da identidade da cidade de São Paulo.” (Registre-se que faz apologia indireta do incêndio de monumentos em “propriedade privada”.)

 As defesas à incolumidade do monumento ao genocida são diversas. Alguns, propondo respeito a todos os monumentos culturais, procuram colocar no cabestro a fúria e a indignação popular, impugnando, entre outras ações, a derrubada de símbolos e monumentos quando da vitória sobre o nazi-fascismo. Outros propõem que esses monumentos sejam colocados em museus especiais que exponham e denunciem os elogios à violência e à barbárie social. Idéia retórica e utópica. Em todo caso, espera-se que iniciem movimento pela retirada oficial de monumentos e homenagens semelhantes, como os levantados em honra ao Duque de Caxias, a Tamandaré, ao Conde d´Eu, a Castelo Branco, a Costa e Silva, para nos referirmos apenas a personagens históricos mais conhecidos da sociedade de classes no Brasil.

 

Mário Maestri

Historiador


segunda-feira, 19 de julho de 2021

Dialética e irracionalismo

julho 19, 2021

 

 

O irracionalismo, como designação de uma tendência ou escola filosófica, é fundamentalmente a negação da existência de leis objetivas que regem os processos da natureza e as relações sociais dos homens, ou a negação da possibilidade de conhecê-las, sendo as leis objetivas aquelas que operam independentemente da vontade humana. Na linguagem de muitos dos filósofos, é a negação da possibilidade de conhecimento da essência da coisa-em-si, da lei mais íntima que rege aquilo que tem uma existência independente do homem e de sua apreensão pelo intelecto humano; o irracionalismo, assim, nega a possibilidade de apreensão e conhecimento das leis que regem os fenômenos, sejam os da natureza ou os da sociedade.

O filósofo marxista Georg Lukács, em sua monumental obra “A destruição da razão”, indica a característica fundamental do irracionalismo filosófico[1]. Segundo ele, Hegel diferencia o mero entendimento do pensamento dialético, sendo o primeiro fruto do pensamento puramente intelectivo operado pela lógica formal. O segundo, ao contrário, constituiria a mais alta forma do conhecimento e, portanto, da racionalidade humana. Lukács observa que Hegel já havia encontrado em expressões do pensamento puramente intelectivo, como a matemática e a geometria, alguns limites e contradições que se constituíam como pressupostos e fundamentos do movimento dialético ascendente em direção à razão: “Hegel afirma a propósito da geometria que, ‘contudo, no seu curso, choca-se finalmente com incomensurabilidades e irracionalidades, onde, se quiser ir adiante no determinar, é impelida para além do princípio do entendimento”, ou seja, para além do conhecimento puramente intelectivo (aquele, repita-se, adquirido pela lógica exclusivamente formal) e, por conseguinte, em direção ao pensamento dialético. Para Lukács, se o homem procura solucionar racionalmente tais limites e contradições do pensamento puramente intelectivo, eles se tornam o ponto de partida para se alcançar a mais alta forma do conhecimento que é justamente o pensamento dialético. O irracionalismo, pelo contrário, considera absolutos e não transponíveis pela razão esses limites e contradições, o que leva tal escola filosófica a utilizar, por exemplo, a intuição (e não a razão) para dar uma resposta suprarracional a tais problemas. Deste modo, para Hegel e Lukács, o entendimento adquirido através da lógica formal é um passo necessário e inafastável para se alcançar a racionalidade ou, o que é o mesmo, o entendimento é “um ponto de partida do desenvolvimento do pensamento para a dialética”[2].

Lukács afirma também que Hegel definiu umas das questões centrais do método dialético, ao caracterizar “o reino das leis” como “a imagem quieta do mundo existente ou fenomênico”[3]. O fenômeno, para Hegel, é o mundo existente, a realidade como uma totalidade, como tudo que existe.  E Lênin disse, acerca deste pensamento hegeliano, que “essa é uma excelente definição materialista, notavelmente apropriada (o uso do termo ‘quieta’). A lei toma o que está quieto – e por isso a lei, toda lei, é estreita, incompleta, aproximativa”. Por isso o fenômeno, a realidade existente, é sempre algo mais que a lei. O fenômeno contém a lei; a lei nunca contém todo o fenômeno em sua totalidade. Segundo Hegel, o algo mais que o fenômeno contém em relação à lei é o elemento da forma (a realidade sempre existe através de uma forma) que faz a realidade mover-se a si mesma, transformar-se.[4] É esta característica do método dialético de Hegel que o torna progressista: o conhecimento humano está sempre em progresso, se aproxima cada vez mais da compreensão da essência objetiva do objeto estudado, embora nunca o apreenda em sua integralidade, inclusive porque o próprio objeto está em constante movimento, mudando com o decorrer do tempo.

Assim, Lukács observa que “como a realidade objetiva em princípio é mais rica, mais variada e mais complexa do que jamais podem ser os conceitos mais bem desenvolvidos do nosso pensamento, são inevitáveis os confrontos entre o pensamento e o ser”, que podem ser utilizados pelo irracionalismo filosófico como uma demonstração da impossibilidade de compreensão da realidade objetiva, ao passo que para o pensamento dialético tais dificuldades sucessivamente enfrentadas pela humanidade durante o seu percurso de apreensão do real são sempre um novo ponto de partida para o avanço de seu conhecimento acerca do mundo. Assim, os problemas ainda não resolvidos pelo conhecimento humano são, para o irracionalismo, a prova da impossibilidade do próprio conhecimento, de que a razão humana é incapaz de apreender a realidade objetiva. Deste modo, “o irracionalismo interpõe-se aqui nessa – necessária, insuperável, mas sempre relativa – discrepância entre a representação intelectual e o original objetivo”[5], afirmando a impossibilidade do conhecimento humano a partir daquilo que para a dialética é o próprio motor da ampliação deste mesmo conhecimento.


Sávio Bastos

GPOSSHE



[1]In Lukács, A destruição da razão, 1ª edição do Instituto Lukács (2020), p. 86.

[2]In Lukács, A destruição da razão, 1ª edição do Instituto Lukács (2020), p. 86.

[3]In Lukács, A destruição da razão, 1ª edição do Instituto Lukács (2020), p. 87.

[4]In Lukács, A destruição da razão, 1ª edição do Instituto Lukács (2020), p. 87.

[5]In Lukacz, A destruição da razão, 1ª edição do Instituto Lukacz (2020), p. 88.

Foto de NeONBRAND


segunda-feira, 5 de julho de 2021

A história numa perspectiva marxista e a crítica ao pensamento pós-moderno

julho 05, 2021

 

 

           Os paladinos do pensamento pós-moderno preconizam de forma veemente a “Morte do homem”, compreendido como sujeito histórico; a falência do projeto iluminista, o fim das metanarrativas, a insuficiência das abordagens totalizantes e a supressão das classes sociais (COSTA, 2004). Em nome de um mundo globalizado, afirmam com demasiada autossuficiência, a diferença, a singularidade, a fragmentação do mundo social em miríades de relações desarticuladas entre si . A realidade concreta e objetiva, nesse sentido, se constitui como um constructo discursivo, assim, “tudo é discurso, entendam; e o discurso é tudo”, nada existe fora da língua (MCNALLY, 1999, p. 33).

            Como tudo consiste numa invenção da linguagem, a própria História, enquanto um saber cientificamente elaborado, constitui uma representação discursiva do passado, em que a realidade objetiva só existe no texto e não em sua própria concretude. Dessa forma, também, não haveria mais História e, sim histórias de determinados segmentos sociais, constituídos nos lugares de onde falam, estabelecendo “afirmações sobre a realidade por meio de metáforas” (FONTANA, 1998, p. 271). Assim, numa sociedade fragmentada em guetos culturais, prevalece a ausência de horizontes holísticos. O particular predomina sobre o todo e separa-se deste. Destarte, a concepção pós-moderna da História, que repousa sob as bases epistemológicas da “Nova História” e por extensão da “História Cultural”, privilegia o Homo Symbolicus em detrimento do Homo Faber (CARDOSO, 2005), ou seja, para os historiadores desta perspectiva, a cultura, os valores morais, as ideias, o pensamento estão suspensos no ar, sem contato com a base econômica de produção da vida material. 

         De um modo geral, o pensamento pós-moderno prolifera amplamente no mundo acadêmico, e isso se reflete diretamente na profusão de pesquisas, dissertações e teses voltadas para os temas do “discurso”, das “diferenças particulares e localizadas”, da “identidade”, da “alteridade”, das ideias antitotalizantes e antiuniversalizantes. Nesse contexto, a reflexão histórico-materialista, constitui um contraponto aos pressupostos pós-modernos, primeiro porque a realidade objetiva do momento atual requer uma análise crítica e globalizante e o marxismo oferece essa perspectiva; segundo porque, ao contrário do que afirmam os pós-modernistas o marxismo não faliu enquanto paradigma de interpretação do mundo com a queda do muro de Berlim e o colapso do “socialismo real” União Soviética (1990). O marxismo, sim, aprofundou sua compreensão crítica dos aspectos gerais da sociedade produtora de mercadorias no contexto histórico contemporâneo.

         Para muitos autores marxistas, a perspectiva pós-moderna se afirma como uma ideologia teórica do sistema capitalista em crise, pois, nesse sentido, “o pensamento pós-moderno faz uma apologia indireta da sociabilidade burguesa ao hipostasiar as características do capitalismo em crise em qualidades inerentes à própria existência humana” (COSTA, 2004, p.77).

            O autor citado, também, afirma que o pensamento pós-moderno é um subproduto da crise do capital e, a razão nesse momento, está perdendo espaço para o irracionalismo ideológico, o que engendra uma nova forma de consciência social alienada, “fundada na mera subjetividade desligada da comunidade social, não conduzindo a nenhuma solução válida e sendo uma resposta alienada à alienação” (Idem, p.77 ). 

      Os teóricos da perspectiva pós-moderna são unânimes e categóricos em afirmar que as metanarrativas como o marxismo, que buscam compreender a totalidade do social, ruíram. Mas, esse discurso político conservador não se sustenta, pois o legado do marxismo de maneira geral, e do materialismo histórico mais especificamente, ainda são instrumentos fundamentais e imprescindíveis na interpretação da realidade histórica da sociedade capitalista, conforme preconiza Wood: “Ao estudar o capitalismo, a insistência pós-modernista em que a realidade é fragmentada e, portanto, acessível apenas a ‘conhecimentos’ fragmentários é desarrazoada e incapacitante. A realidade social do capitalismo é ‘totalizante’ em formas e graus sem precedentes. Sua lógica de transformação de tudo em mercadoria, de acumulação, maximização do lucro e competição satura toda ordem social. E entender esse sistema ‘totalizante’ requer exatamente o tipo de ‘conhecimento totalizante’ que o marxismo oferece e os pós-modernos rejeitam” (WOOD, 1999, p. 19).

          Nesse sentido, a teoria pós-moderna endossa plenamente a crise estrutural do capital, se constituindo dessa forma, como a ideologia programática dessa crise. Mas qual a origem teórica do pensamento pós-moderno? O fio condutor dessa perspectiva começa com Nietzsche e segue conectado com seus interlocutores diretos: Derrida, Foucault, Lacan, Lyotard e, principalmente, com os estudantes da década de 1960. Assim, como afirma Wood: “[...] a ‘pós-modernidade’ representa, de fato, uma época histórica, parece, desta vez, que o autêntico divisor de águas ocorreu em algum momento em fins da década de 1960 e da de 1970. Ainda assim, embora muito tenha acontecido entre os marcos de época mais antigos e os mais recentes, o que chama a atenção no diagnóstico corrente da pós-modernidade é que ele tem muito em comum com as declarações mais antigas de morte, tanto nas versões radicais quanto nas reacionárias. O notável, em outras palavras, é a continuidade, ou pelo menos a repetição, dessa história de descontinuidade” (WOOD, 1999, p. 10).  

            Ao situarmos o pensamento pós-moderno no contexto histórico da crise atual do capitalismo e evidenciarmos seus pressupostos básicos como: a fragmentação da realidade social; a construção discursiva do real; a rejeição às metanarrativas; o fim do homem e da história, a apologia à diferença, às identidades, particularidades, a derrota do socialismo e, consequentemente, o colapso do marxismo, reiteramos a importância e a imprescindibilidade do Materialismo Histórico como ferramenta relevante na interpretação da totalidade enquanto realidade social de forma coerente, visando transformá-la radicalmente por meio de uma práxis histórica libertadora. Por isso, a necessidade de considerarmos a perspectiva marxista na interpretação da História.

            A teoria marxista da História, comumente conhecida como Materialismo Histórico, de um modo geral, se constitui como uma metanarrativa de caráter global, ou seja, busca compreender a realidade histórico-social da perspectiva do todo. O pensamento pós-moderno rejeita categoricamente as metanarrativas como o marxismo, exatamente, porque segundo este pensamento, a realidade é fragmentada em particularidades separadas do todo e autônomas em relação a este. Assim, interessante é o que diz Bryan D. Palmer: “A metanarrativa marxista é rejeitada, ironicamente, no exato momento histórico em que se torna absolutamente necessária- sendo a sua insistência na interpretação da história em termos de classe, como uma sucessão de estruturas e instrumentos identificáveis, alimentada por interesses materiais, fundamental para a interpretação da evolução do passado para o presente, especialmente no contexto da vida contemporânea, em que a humanidade está cada vez mais conectada nas dimensões globais da exploração e da opressão” (PALMER, 1999, p. 78, itálico do original).

            A interpretação marxista da história compreende o desenvolvimento das sociedades humanas, ao longo do tempo, como sendo resultado das contradições sociais internas dos modos de produção da vida material, correspondente a cada época específica: homem livre/escravo, patrício/plebeu (Escravismo, mundo antigo), senhor/servo (Feudalismo, idade média) e capital/trabalho (Capitalismo, contemporaneidade). Desse modo, as contradições dos modos de produção são engendradas pela luta entre as forças produtivas e as relações sociais de produção,[1] representando assim, o processo da contradição como desenvolvimento da luta de classes no interior de cada modo de produção.

            Com efeito, o aspecto central da teoria marxista da história é a luta de classes, luta esta que irrompe no interior de cada modo de produção provocando uma contradição entre as forças produtivas e as relações sociais de produção, fazendo surgir dessa forma, um novo sistema socioeconômico. Nessa perspectiva, podemos afirmar que o capitalismo surge historicamente quando o modo de produção feudal atinge o ponto máximo de contradição entre as forças produtivas e as relações sociais de produção e a luta de classes se deflagra no seu interior.

       A teoria marxista da história busca dessa maneira, compreender o capitalismo em sua arquitetura global deslindando sua natureza essencial. Nesse sentido, Marilena Chauí afirma que: “É assim que surge a significação capitalismo, um sistema inesgotável de novas significações, que, por meio de conexões causais, confere unidade a todas as manifestações da sociedade capitalista, dando sentido aos fenômenos e excluindo os fenômenos que não têm sentido para essa sociedade. Essa significação global dá à sociedade a unidade de um mundo (institui uma cultura, ordena os comportamentos por meio de regras jurídicas e morais aparentadas profunda e misteriosamente com o modo de trabalho e de produção, determina a estrutura familiar e a educação das crianças, define uma estrutura da personalidade, instaura uma forma de religião e da sexualidade, uma maneira de comer, dançar, etc.)” (CHAUÍ, 2006, p. 151, itálicos do original).

            A leitura que nos propomos realizar sobre o sistema capitalista e a sua consequente crítica se fundamenta, inescapavelmente, na perspectiva de interpretação trilhada pela citação anterior, de modo que, não são apenas os fatores econômicos fundantes do capitalismo que o materialismo histórico procura compreender e criticar, mas seus significados sociais, culturais, políticos e institucionais. Essa perspectiva, rebate a principal crítica articulada pelos pós-modernistas ao materialismo histórico, que se baseia no “determinismo economicista” (lugar-comum demasiado repetitivo) em que os fatores econômicos determinam e têm primazia sobre os outros aspectos da vida social em geral.

       Dessa forma - é necessário deixar claro - sabemos que a crítica do materialismo histórico à complexidade da vida social não se reduz a fatores exclusivamente econômicos. A situação econômica é a base, no entanto, os processos mais diversos da superestrutura que são erigidos a partir aquela, exercem também influência sobre a dinâmica das lutas históricas e movimentos de transformação social. Assim, é importante lembrar o que ressalta Atílio Boron (2006, p. 45):  “Marx de nenhuma maneira dizia que o complexo universo da superestrutura era um simples reflexo das condições materiais de existência de uma sociedade.”

       A análise marxista do processo histórico e social, dessa forma, não se restringe a determinismos economicistas ou a evolucionismos etapistas, nem tampouco a teleologias finalistas (outra crítica atribuída pelos pós-modernistas ao marxismo). Muito pelo contrário, o materialismo histórico refuta todas essas concepções, pois compreende que o conflito básico entre as relações sociais e as forças produtivas de uma estrutura social, constitui uma dimensão contraditória que dá vida ao pensamento e movimento ao real em todos os seus aspectos. O processo histórico da luta de classes é a própria história em seu devir complexo e mutável.

 

Antonio Marcondes

Professor da Universidade Estadual do Ceará e membro dos grupos de pesquisa GPOSSHE/UECE/GEM/UFC

 

Referências bibliográficas

 

BORON, Atílio A. Pelo necessário (e demorado) retorno ao marxismo. In: BORON, Atílio A.; AMADEO, Javier e GONZALEZ, Sabrina (Orgs). A teoria marxista hoje: Problemas e perspectivas. Buenos Aires: CLACSO, 2006.

 

CARDOSO, Ciro Flamarion. Um historiador fala de teoria e metodologia: ensaios. Bauru, SP: EDUSC, 2005.

 

CHAUÍ, Marilena. A História no pensamento de Marx. In: BORON, Atílio A.; AMADEO, Javier e GONZALEZ, Sabrina (Orgs). A teoria marxista hoje: Problemas e perspectivas. Buenos Aires: CLACSO, 2006.

 

COSTA, Frederico. Elementos de compreensão do pensamento pós-moderno: o irracionalismo como subproduto da crise do capital. In: JIMENEZ, Susana Vasconcelos e RABELO, Jaqueline (Orgs). Trabalho, Educação e Luta de Classes: a pesquisa em defesa da história. Fortaleza: Brasil Tropical, 2004.

 

FONTANA, Josep. História: análise do passado e projeto social. Bauru, SP: EDUSC, 1998.

 

MCNALLY, David. Língua, história e luta de classe. In: WOOD, Ellen Meiksins e FOSTER, John Bellamy (Orgs). Em defesa da história: marxismo e pós-modernismo. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1999.

 

PALMER, Bryan D. Velhas posições/novas necessidades: história, classe e metanarrativa marxista. In: WOOD, Ellen Meiksins e FOSTER, John Bellamy (Orgs). Em defesa da história: marxismo e pós-modernismo. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1999.

 

WOOD, Ellen Meiksins. O que é a agenda “pós-moderna”?. In: WOOD, Ellen Meiksins e FOSTER, John Bellamy (Orgs). Em defesa da história: marxismo e pós-modernismo. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1999.



[1]Segundo Marilena Chauí (2006, p. 147) “As forças produtivas configuram o conteúdo dos relacionamentos dos homens com a natureza e consigo mesmos, isto é, configuram o conteúdo dessa relação, ou seja, o trabalho; em contrapartida, as relações sociais de produção configuram as formas do processo produtivo, ou seja, a propriedade.”