Epstein e Trump eram amigos durante os anos 1990 e 2000.Mandel NGAN e Palm Beach County Sheriff's Department / AFP
O CASO EPSTEIN: HÁ ALGO DE PODRE NO IMPÉRIO
O presidente Trump mais uma vez ganha os holofotes do mundo inteiro. Desta vez, é personagem de uma história que abala o mundo dos bilionários e de políticos norte-americanos — o Caso Epstein.
Conforme reportagem, publicada no dia 24 de julho de 2025, no site G1, o Caso Epstein está sendo investigado por envolver abuso sexual de jovens comandado por bilionários que constariam num documento denominado “lista de Epstein”. Sobre o Caso, Trump teria prometido divulgar tal documento. Contudo, o episódio sofre uma reviravolta quando, o próprio presidente dos Estados Unidos é acusado de integrar a “lista de Epstein”.
O nome dado a lista é de um bilionário, amigo de Trump, que tinha conexões importantes com personalidades influentes no âmbito financeiro, político e econômico. Epstein morreu numa prisão em Nova York, em 2019, acusado de ser a figura de proa da rede de prostituição de meninas menores de idade. (G1, 2025).
O articulador e principal doador da campanha de Donald Trump, Elon Musk, ao sair do governo, denuncia que o presidente também participava do esquema de exploração sexual.
Qual o impacto do escândalo do “Caso Epstein” para o governo Trump? O caso Epstein tende, no mínimo, a arranhar o mandato de Donald Trump e possui ingredientes que colocam em relevo toda a podridão política e moral, não só do presidente, mas dos círculos dirigentes políticos e econômicos dos Estados Unidos — Bill Clinton, do partido democrata; membros do partido republicano; os multimilionários dos Estados Unidos; e até das elites dirigentes da União Europeia. O que o caso Epstein revela é que, por trás de todo moralista empedernido há sempre um grande patife. Além disso, indica fraude ideológica cristã conservadora e moralista que acoberta os interesses antidemocráticos e antipopulares da extrema direita.
O documentário Inside Jobs (Trabalho Interno), que recebeu diversos prêmios, mostrou como os CEOs das grandes empresas têm um consumo conspícuo e suntuoso — com diversas mansões de milhões de dólares, aviões executivos, festas com prostituição regadas a muita cocaína — competindo entre si nessa farra nababesca, enquanto a classe trabalhadora dos Estados Unidos amarga décadas de arrocho salarial, precárias condições de trabalho desde o final dos anos 1970.
Lembremos que um dos argumentos centrais para retirar impostos dos ricos e bilionários nos Estados Unidos foi a “teoria” Trickle Down, vale dizer, a ideia do gotejamento, ou seja, deixando os ricaços empresários livres de impostos, estes, em tese, investiriam mais na economia, e isto no final beneficiaria a todos porque a economia cresceria e os empregos também.
Bem, como o critério da verdade é a prática, a realidade é outra.
Na verdade, a vida dos trabalhadores e das classes médias estadunidenses só pioraram ao longo de mais de quatro décadas de políticas neoliberais. Os EUA se desindustrializaram sobremaneira e a classe média, que antes era tão decantada como uma classe pujante, não é sequer a sombra do que foi no passado. Hoje existem diversas cracolândias nas suas principais cidades e há um exército de moradores de rua, enquanto a concentração de propriedade, riqueza e renda continua crescendo. O fluxo dos resultados do sobretrabalho social continua fluindo para os bolsos de ricos, milionários e bilionários.
O New Deal, de Franklin Delano Roosevelt, foi sendo dilapidado após sucessivos governos e o último projeto mais avançado que foi apresentado nos Estados Unidos foi no governo de Lyndon Johnson, denominado A Grande Sociedade. Este foi sepultado pelos gastos exorbitantes da guerra do Vietnã. De lá para cá, desde o governo de Jimmy Carter com Paul Volcker à frente do FED (Federal Reserve), o neoliberalismo foi sendo implementado, e o seu resultado é o cortejo necessário dessas políticas: privatizações, concentração inédita de renda, governo cada vez mais autocrático, pauperização dos trabalhadores e das camadas médias. O auge do neoliberalismo foi nos 1990 e foi alavancado pela especulação financeira e pela montagem de um cassino financeiro internacional interconectado por uma rede mundial de computadores.
Não foi só o Partido Republicano que desmontou Bretton Woods e o New Deal, Bill Clinton soterrou a lei Glass-Steagall, que reprimia fortemente o mercado financeiro para evitar uma nova crise como a de 1929.
O escândalo atual tende a se tornar explosivo porque tirou o véu da hipocrisia do Império mostrando que empresários se utilizaram de meninas e adolescentes numa rede de prostituição montada por Epstein.
O Estado profundo tenta impedir que este escândalo manche todo o establishment dos Estados Unidos. Epstein morre, supostamente cometendo suicídio, e há muitos obstáculos para a divulgação da lista de frequentadores das orgias e das festas organizadas por ele. Há também a forte suspeita de que essa rede foi montada para vigiar, chantagear personalidades políticas e econômicas do establishment em prol do Estado sionista de Israel.
Reihard Heydrich, lugar tenente de Heinrich Himmler, montou uma estrutura semelhante para vigiar e chantagear o alto escalão do exército alemão. Há algo de podre no Império e a tendência é que exale cada vez mais podridão com a crise do imperialismo norte-americano, ou seja, este tende a secretar, diante de sua crise, cada vez mais guerras, caos, podridão moral e política.
Emmanoel Lima Ferreira, URCA
Frederico Jorge Ferreira Costa, UECE
Referências
GLOBO. O que é a lista de Epstein e qual a relação de Trump com o caso? G1, 24 jul. 2025. Disponível em: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2025/07/24/o-que-e-a-lista-de-epstein-e-qual-a-relacao-de-trump-com-o-caso.ghtml. Acesso em: 2 ago. 2025.