quinta-feira, 11 de dezembro de 2025

dezembro 11, 2025





NO BRASIL, O GOLPISMO NÃO É UM PONTO FORA DA CURVA


O que ocorreu na quarta-feira (4/12), na Câmara de Deputados, com o Projeto de Lei (PL) da “Dosimetria”, buscando favorecer os golpistas do "8 de janeiro", que queria instaurar uma ditadura no Brasil não foi um simples acaso. E, não é um problema ético dos deputados federais do “Centrão” e da extrema direita. Embora, pelos constantes escândalos e denúncias, o baixo nível moral parece ser uma condição necessária para participar da bancada conservadora e reacionária do BBB (bala, boi e Bíblia).


Antes de tudo, é um padrão das classes dominantes brasileiras que moldaram as instituições estatais do capitalismo periférico brasileiro, nascido do brutal escravismo colonial. 


Em livro instigante Júlio Chiavenato, Cangaço: a milícia do coronelismo, já afirmava que o colonizador fundou o latifúndio usando bandidos. Assim, conseguiu explorar vastos domínios, escravizando indígenas e negros. Essa foi a base histórica do banditismo oficial, depois ornado com títulos de nobreza e fábulas de heroísmo. Por isso, a importância dos que protegiam a posse da terra, vigiavam trabalhadores escravizados e mantinham a população sobre controle. Eis a garantia da produção, manutenção e reprodução dos privilégios no Brasil, sustentados pela exploração do trabalho.


Daí a histórica condescendência das classes dominantes com o golpismo no Brasil e a insana repressão a qualquer iniciativa popular por direitos. Os golpistas são uma reserva importante para a garantia de que nada mude em favor da maioria. Os golpistas são as tropas de choque do banditismo oficial, sempre pronto a produzir chacinas e proteger uma minoria com vida nababesca.


Democratas e comunistas do levante de 1935 pagaram um preço alto na luta contra o avanço fascista no Brasil. Já integralistas/fascistas (“galinhas verdes”) que tentaram um golpe em 1938, invadindo o Palácio do Catete e mandando bala em Getúlio Vargas, salvo algumas exceções foram absorvidos pelo regime semifascista do Estado Novo. Outro exemplo, dentre muitos, foi o destino de militares nacionalistas e legalistas que se opuseram ao golpe de 1964, bem retrato em A vez e a voz dos vencidos de Hélio Silva. Enquanto isso, os torturadores e criminosos da ditadura militar saíram anistiados, com o beneplácito de representantes parlamentares da burguesia que apoiou o golpe contra o povo e o Brasil.


E agora, mais uma vez, golpistas podem ser "anistiados".


Eis o padrão. Como romper com isso?


A solução está nas mãos do povo, a maioria nacional explorada e oprimida. Conscientizar, organizar, mobilizar e ganhar as ruas contra a impunidade aos golpistas.


Frederico Costa, professor da UECE