sexta-feira, 27 de dezembro de 2019

Domenico Losurdo: Um farsante de sucesso no país dos Tabajaras



Domenico Losurdo e sua biografia “Stalin: história crítica de uma legenda negra” foram consagrados no Brasil, o primeiro como intelectual marxista iconoclasta e a segunda como  sua brilhante obra revisionista de mitos históricos consolidados. Não era para menos. O homem propôs fatos totalmente desconhecidos, todos contribuindo para resgatar o papel gentil e progressista do “Pai dos Povos”.


Propõe ou sugere, por exemplo, campanha terrorista contra a URSS -assassinatos, sabotagens de trens, etc.- organizada por Trotsky desde o exterior. Nada, portanto, mais justo do que o massacre de comunistas internacionalistas na URSS pelo estalinismo!

Em quem o homem apoia essa revelação capaz de lançar por terra tudo que já foi até hoje escrito? Nos arquivos do PCUS, agora à disposição dos historiadores? Nos papéis de Trotsky, depositados na Universidade de Harvard? Em algum fundo documental apenas descoberto? Não. Nesse caso, Domenico Losurdo apoia-se essencialmente em um livro do jornalista italiano Curzio Malaparte, Tecnica Del Colpo di Stato, publicado em 1931, em Florença, na Itália fascista! E se esquece, sobretudo, de dizer que o autor, um oportunista e farsante de sucesso, como “fascista della prima ora”, participara da Marcha sobre Roma, e prestara a seguir importantes serviços aos camisas negras italianos.

E o uso oportunista de fontes tão confiáveis como bilhete premiado vendido na porta do banco, não é um deslize [nesse caso gravíssimo] na biografia escrita por Losurdo, espécie de lixeira historiográfica. É a norma. Se a moda pegar, mui logo teremos trabalhos, citando o Olavinho, reconhecidos como obras historiográficas em nosso cada vez mais triste país!

Mário Maestri
Professor da UPF - Universidade de Passo Fundo