terça-feira, 22 de fevereiro de 2022

O Manifesto Comunista faz 174 anos


Gestado e parido no contexto da Primavera dos Povos, revolução de alcance Europeu que sacudiu sobretudo a França e a Alemanha (mas não apenas), cujo epicentro foi o ano de 1848, o Manifesto do Partido Comunista completou, ontem, 21 de fevereiro, 174 anos.

Marx redigiu a primeira versão do Manifesto, confrontando suas fórmulas com a crítica ativa de Engels, em seu longo exílio em Londres, sempre premido pelos prazos de entrega do trabalho. Diz-se que os companheiros trabalharam no texto tanto na casa da família Marx quanto nos pubs que costumavam frequentar, em especial o The Pindar of Wakefield, que existe até hoje sob o nome de The Water Rats.

Sua edição original, em alemão, foi, todavia, impressa em uma oficina na Rua Liverpool, em Bishopsgate, Londres, na Inglaterra, dada as leis prussianas opressivas que vigiam na Alemanha.

As bases sociais e econômicas onde está apoiado seguem vigentes e suas linhas fundamentais continuam atuais. Um guia para a ação, e não um receituário revolucionário, o Manifesto foi solicitado a Marx e Engels pela Liga dos Justos, doravante Liga dos Comunistas, organização proletária de caráter internacional que antecedeu a I Internacional.

O Manifesto rompe uma tradição na história do pensamento: longe de apresentar um sistema ideal, na linhagem dos reformadores sociais do Iluminismo, decorria de uma reflexão sintética que buscava expressar o movimento real da vida social e, a partir daí, indicar as linhas gerais da organização dos trabalhadores em sua luta de classe pelo poder.

Seu aparecimento corresponde, assim, às grandes mobilizações revolucionárias de 1848, quando, como depois Marx assinalará em O 18 de Brumário de Luís Bonaparte, a classe operária, pela primeira vez, adentrava ao cenário político como força independente.

Nos 174 anos de sua primeira edição, em meio à maior ofensiva contra a existência mesma da classe trabalhadora, sob o pretexto do combate à pandemia e da transição à economia verde, a famosa divisa do Manifesto está dramaticamente atual: Trabalhadores de todo o mundo, uni-vos!

O Manifesto Comunista teve centenas, talvez milhares de edições e pode ser encontrado em português no volume O Programa da Revolução, editado pela Nova Palavra, que traz ainda seus dois principais desdobramentos programáticos no século XX, as Teses de Abril, de Lenin, e o Programa de Transição, redigido por Trotsky como documento fundacional da 4ª Internacional.

 

 

Eudes Baima

Professor da UECE