terça-feira, 4 de junho de 2019

O 30M esmagou o dia 26 fascista e obscurantista



Foto: roya ann miller

A defesa da educação pública e gratuita encurrala o governo de extrema-direita de Bolsonaro

Neste dia 30 de maio a verdade veio à tona. Apesar da situação reacionária, onde luta-se contra a retirada de direitos, há uma crescente onda de massas contra o governo de extrema-direita de Bolsonaro. A conjuntura indica o acirramento da polarização entre a reação ultraliberal bolsonarista, sustentada pelo imperialismo e pela burguesia interna, e os interesses democráticos e sociais da maioria dos brasileiros.

O governo anticomunista de Bolsonaro iniciou uma verdadeira blitzkrieg[1] contra o povo brasileiro: tentativa de destruição da previdência pública, liberação de agrotóxicos, ataque aos indígenas, bloqueio de recursos para áreas sociais, desmonte de conquistas democráticas, submissão maior aos EUA, aumento da violência no campo, incentivo à opressão das mulheres e LGBTs, arrocho salarial, medidas racistas, perseguição a sindicatos e partidos oposicionistas, obscurantismo generalizado e política econômica que elevou o número de desempregados à cifra de 13,4 milhões. De fato, há uma aceleração da mudança de regime político iniciada com o processo de golpe de Estado de 2016: de um capenga Estado Democrático de Direito avança-se para um “Estado de exceção permanente”.

Porém, tal barbárie não ficou sem resposta. As manifestações do dia 15 de maio transcenderam a defesa da educação e previdência pública, foram verdadeiras mobilizações antigoverno. Como Bolsonaro surfou num movimento de massas reacionário, tentou-se ressuscitá-lo no dia 26 de maio. Grande fracasso, muito dinheiro gasto para atos pífios, personagens grotescos e ações obscurantistas como a retirada da faixa “Em defesa da educação” de prédio da Universidade Federal do Paraná-UFPR.

Bem, hoje pode-se dizer que as ruas foram para esquerda. Novamente atos massivos em várias capitais e capilarizados em inúmeras cidades do interior. Sob a bandeira de não aos cortes na educação e contra a destruição da previdência pública há um importante desenvolvimento político. Percebe-se cada vez mais que o centro é a derrota do projeto da extrema-direita. O “Fora Bolsonaro” transformou-se em algo natural e progressivo.

Agora é acumular forças para o dia 14 de julho. É preciso parar o Brasil. Uma lição, os dias 15 e 30 oferecem: a ação direta e organizada é o caminho para derrotar o governo Bolsonaro. Nenhuma conciliação é possível com golpistas e extrema-direita. Só a luta muda a vida.

NOTAS
[1] Blitzkrieg ou guerra-relâmpago foi uma tática militar em nível operacional, criada pelos nazistas, que consiste em utilizar forças móveis em ataques rápidos e de surpresa, com o intuito de evitar que as forças inimigas tenham tempo de organizar a defesa. Seus três elementos essenciais são o efeito-surpresa, a rapidez da manobra e a brutalidade do ataque, e seus objetivos principais são a desmoralização do inimigo e a desorganização de suas forças.


Frederico Costa
Professor da UECE - Universidade Estadual do Ceará
Diretor do Sindicato dos Docentes da Universidade Estadual do Ceará – SINDUECE/ANDES-SN
Coordenador do Instituto de Estudos e Pesquisas do Movimento Operário-IMO

Artigo publicado originalmente no esquerdaonline.com.br em 02/06/2019 - 11h56min.