quinta-feira, 25 de julho de 2019

Dia Internacional das Mulheres Negras Latino-americanas e Caribenhas



Dia 25 de julho, dia Internacional das Mulheres Negras Latino-americanas e Caribenhas

O movimento feminista está em ascensão. A luta das mulheres mobiliza milhares em todo o mundo. Não é mais possível ignorar a centralidade da luta das mulheres. Nesse cenário, é fundamental discutir qual o horizonte dessa luta, tendo em vista que, no interior desse avanço, a fragmentação do movimento coloca em disputa sua direção. No Brasil, vivemos um momento de crescimento do feminismo liberal que não objetiva superar a sociedade capitalista, mas busca por uma igualdade formal que permita a algumas mulheres ascender nas hierarquias de poder do sistema capitalista, por isso, nós, mulheres negras, latino americanas e caribenhas, somos indispensáveis numa luta feminista anticapitalista.

O contexto de avanço da extrema-direita no mundo, especialmente no Brasil, e sua metodologia de unir suas forças em torno da criação de falsos inimigos da nação, agrava o racismo, a lgbtfobia, o machismo, a misoginia em prol do aprofundamento da exploração da classe trabalhadora que vê a retirada sistemática dos direitos conquistados na frágil democracia burguesa brasileira. Em nosso país, esse cenário tende a se intensificar. Foi anunciado o fim do Sistema Único de Saúde e do Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica, além das contrarreformas trabalhista e da previdência, privatização da educação superior federal, através do Future-se, etc. etc. Todas essas medidas atacam diretamente as mulheres brasileiras.

Por isso, precisamos lembrar também que este dia 25 de julho é, no Brasil, o dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra. Tereza de Benguela é símbolo de resistência, fazendo parte da rebelião negra contra o escravismo colonial. Comandou o Quilombo de Quariterê (1730 a 1795) até 1770, no que é hoje o estado do Mato Grosso, quando foi executada pelo Estado. Não sem luta na defesa do quilombo que Tereza caiu, armados e resistentes, homens e mulheres guerrearam contra as forças superiores do Estado. Sobreviveriam ainda por mais 25 anos depois da morte de sua líder. Nesse momento da história de nosso país, precisamos da força dessas figuras históricas que, na defesa da liberdade de seu povo, lutaram contra a força esmagadora do opressor.

É na força de Teresa e de todas as mulheres que ousaram questionar a ordem capitalista vigente que precisamos nos inspirar. Não basta que aceitem nosso gênero, nosso cabelo, nossa cor, nossas raízes, não basta que nos deem migalhas. Queremos dignidade, mas também lutaremos por liberdade, como lutou Tereza.

Karla Raphaella Costa Pereira
Doutoranda em Educação no Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Estadual do Ceará - UECE.